Diário da Turnê – Rock in Rio 2015

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Quando Paul Waaktaar-Savoy publicou em seu instagram uma foto do Maracanã, um frenesi tomou conta dos fãs pelo mundo, e algumas horas depois fomos brindados com a confirmação de que o a-ha estaria se reunindo para se apresentarem no Rock in Rio. Depois da turnê de 2010, havia aceitado o fato de que aquela teria sido a última vez que teríamos a banda em ação, então, essa retomada com uma apresentação no Festival que levou a banda para o Guinness Book era extraordinário.

Quem acompanha o site desde a sua criação em 2000 sabe que sempre foi uma bandeira nossa fazer campanhas para o a-ha voltar ao Festival, pois sempre considerei injusto que a banda que tenha levado maior público de uma edição do Rock in Rio não tivesse esse retorno. Como em 1991 não foi possível comparecer, era questão de honra marcar presença nessa edição.

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Com muito exercício de paciência, após horas de tentativa, consegui vencer a primeira barreira e comprar um dos quase 90.000 ingressos colocados à venda. Com o ingresso garantido, foi hora de parcelar as passagens aéreas e aguardar o grande dia.

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Por motivos diversos, só pude programar a passagem para o amanhecer do 27 de setembro, dia do show. Chegando ao Rio, eu e meu amigo Christian constatamos que a cidade estava no clima do festival, e pelo celular acompanhava a movimentação dos amigos fãs da banda que partiram de diversos pontos do País (Porto Alegre, Recife, Salvador, Aracaju, Curitiba etc) e se juntaram aos cariocas para verem o a-ha no Rock in Rio.

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Assim como eu, a grande maioria dos fãs do a-ha foram apenas para ver a banda, o que fez a espera ser longa, já que seriam a penúltima atração da noite. Tanto a ida como a volta da Cidade do Rock foi tranquila. Como eu e o Christian nunca tínhamos ido ao Festival, aproveitamos para conhecer a estrutura montada e rever a amiga Vanessa e sua família, e também tive o prazer de encontrar com o primo Gil.

IMG-20150928-WA0321Quando começou a primeira atração do Palco Sunset, aproveitamos para garantir uma boa localização junto do Palco Mundo. Naquela altura, muitos amigos já se encontravam na Cidade do Rock, porém ficou difícil a movimentação. Na manhã de domingo, o calor estava absurdo, mas eu disse ao Christian que o tempo estava virando, e que aquele sol não perduraria. Dito e feito, após o show da banda Cidade Negra, primeira atração do Palco Mundo, a chuva começou e depois foi ficando cada vez mais forte, seguida de raios… O vento fazia a chuva cair dentro do palco, e para quem já estava de pé há algumas horas, o desconforto foi grande, e foi dureza aguardar o término do “AlunaGeorge”… A cada música tocada eu imaginava que poderiam estar ali um RPM, Gessinger e tantas outras atrações.

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O show do a-ha teve um pequeno atraso, porque dava para observarmos que os técnicos buscavam alternativas para amenizar os efeitos da chuva no palco, principalmente para Mags e Erik que estariam em risco de levarem choques. Depois de recuarem a bateria mais para o fundo do palco, tentaram proteger os teclados com um plástico e as luzes foram se apagando. Naquele momento, me veio a lembrança de estar em casa num sábado a noite de frente para a televisão acompanhando o show de 1991 e agora estava ali diante do palco vendo a banda se posicionando para o grande momento.

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As duas primeiras músicas (I´ve Been Losing You e Cry Wolf”) me mantiveram com a cabeça em 91, afinal foram com essas músicas que eles abriram o show realizado em Salvador. Uma coisa logo me chamou a atenção e reforçou a minha tese de que o som do a-ha ao vivo fica muito melhor quando a guitarra de Paul se faz mais presente, assim como contar com um baixista no palco faz uma grande diferença, e a linha instrumental com Karl Oluf Wennerberg na bateria e Even Ormestad no baixo foi muito precisa, assim como o acompanhamento de Erik Ljunggren no teclado. Seguindo o show, a terceira faixa foi a arrebatadora Stay on These Roads. (Esse é um dos momentos do show que valeria muito a pena estar acompanhado da esposa). Depois vieram “Move to Memphis” e “Scoundrel Days” e era notória a interrogação na cabeça dos que aguardavam apenas o show de Kate Perry e não conheciam o trabalho do a-ha. Imagina a cena, a pessoa esperando um mundo colorido e chega o a-ha com letras com frases do tipo “With death comes the morning Unannounced and new”ou  “Walked around no one around(…) This old town brings me down”.

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Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Naquela altura, o a-ha estava mostrando ao mundo que continua firme e forte e tocando muito, além de mostrar para os organizadores do evento que eles deveriam ser um dos headlines do Rock in Rio. Nesse show, eles trouxeram “Move to Memphis” para o arranjo original, o que me agradou bastante, já que o solo de guitarra sendo sucedido pelo solo do teclado é um dos pontos altos da música. Depois do agito, uma trovoada real abrilhantou os acordes iniciais de Crying in the rain e a música caiu feito uma luva para o temporal, enquanto a galera acompanhava a canção. As duas músicas que sucederam o clássico “Crying in the rain” mostram como o a-ha é uma banda que está sempre se reinventando, seja no lançamento de novas músicas, seja em novos arranjos para antigas músicas, e em todas as turnês há essas inovações promovidas pela banda. Tanto “Sycamore Leaves” como o mega hit “You are the one” vieram com novos arranjos que funcionaram muito bem! Eu fiquei ainda mais fã do a-ha quando eles lançaram em 1991 o álbum “East of the sun West of the moon” e ter a oportunidade de pela primeira vez estar vendo eles tocarem “Sycamore Leaves” foi perfeito, amo essa música, gosto da pegada da banda tocando ela, acho que é uma das faixas que eles gostam de tocar, e ela é um bom rock. Já You are the one” que é um dos maiores sucessos da banda no Brasil não é uma das minhas preferidas na versão álbum, porém ao vivo ela me contagia muito mais, e essa versão ficou sensacional, considero um acerto ela ter sido incluída no setlist.

Forest Fire” é uma das músicas do novo álbum “Cast in Steel” que deveria ser trabalhada para entrar nas programações das rádios, ela tem um bom ritmo e funcionou muito bem ao vivo. “Hunting High And Low” é perfeita, não há o que dizer além de elogiar, e ver a galera atendendo ao pedido de Mags e dar um espetáculo de luzes com os celulares foi indescritível. Depois do já tradicional coral de “Hunting High and Low”“Foot of the Mountain” fez bem o seu papel em representar a fase 2000 da banda e manter o clima aquecido para a poderosa “The Sun Always Shines on TV”, que é considerada por muitos como uma das melhores da banda, que foi executada com maestria. Essa também é uma das músicas que eu tenho impressão de que Morten, Mags e Paul fazem questão de tocarem nos shows. Achei também muito criativo o telão do palco exibindo imagens do Brasil nos desenhos de TV´s que surgiram no telão do palco.

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

No momento mais intimista do show,“Under the Makeup” foi executada numa versão acústica. Nesse formato ela se torna ainda mais melancólica do que na versão contida no novo álbum “Cast in Steel”, acaba soando como um lamento. Eu gosto muito dessa música, e o a-ha em faixas como essa mostra que vai muito além do rotulado romantismo que alguns pregam, suas composições levam a várias estradas do pop/rock.

Quando a banda começou “The Living Daylights”  bateu aquela sensação de que era uma pena que o show estivesse se aproximando do fim, e essa foi a minha maior indignação pelo a-ha não ter sido um dos headlines do evento, porque o tempo reservado para o show deles foi curto mediante uma carreira de 30 anos e muitos sucessos que poderiam ser apresentados, além das novas canções. Como de costume, Mags interage e convoca a galera, no que é prontamente atendido, e junto com Morten puxam o coro com os fãs.

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Nem é preciso dizer o quanto “Take on Me” foi festejada por todos. Como disse certa vez, “Take on Me” é para o a-ha o que “Satistaction” é para os Stones.

Ao término da música, a banda recebeu palmas e saudações do público presente. Com o término do show, ficou a sensação de um sonho de fã sendo realizado, o de poder estar presente em um dos shows históricos da banda, e o melhor de tudo, ver como eles estão mandando bem ao vivo, Morten continua mantendo um nível vocal muito bom, Mags criativo como sempre e Paul muito mais à vontade no palco. Os fãs que vão acompanhar a “Cast in Steel Tour” certamente vão ter muito o que comemorarem.

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Enquanto eu e o Christian estávamos nos afastando do palco, vimos que muitos fãs do a-ha seguiram o mesmo trajeto, o caminho para a saída da Cidade do Rock. Depois de longa espera e muita chuva, não havia da nossa parte o interesse de permanecer ali, pois o que nós queríamos era ver o a-ha, e a missão foi cumprida.

Devido a chuva, foi difícil fazer muitos registros durante o show, ainda assim, conseguimos captar essas imagens que compartilho com vocês.

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia

Gostaria de agradecer a todos os fãs com quem mantive contato antes e durante o show, aos amigos que encontrei (Vanessa de Niterói, Ana Paula de Porto Alegre, Albert Costa e família de Recife) e aos amigos que mantive contato, mas que não consegui encontrar no meio da multidão (Mary Farah, Débora Arécio, Paulo Henrique, Patrícia Lacombe, Gilmara Lima, Geovana Dias, Nadia Santana, Marcelo Soares), ao grande amigo Christian Lima, sempre presente nas turnês e todos os milhares fãs que foram e representaram muito bem a banda!

Fotos de Christian Lima para o a-ha Bahia